Quando eu era adolescente, o sonho era ser VJ da MTV.
Difícil é explicar o que era um VJ (“video-jockey” — mais atrapalha que ajuda). E hoje o jovem não sabe nem o que é “TV Aberta”.
Mas isso é vontade de palco, que sempre existiu. Ator, produtor, filósofo, agitador cultural, apresentador de programa de auditório, VJ, youtuber, instagrammer, tiktoker. Influencer.
Eu me pergunto se a chance de virar celebridade foi democratizada, mas não sei. São poucos aqueles com audiência robusta, entre milhões de candidatos. Por exemplo, no Patreon, somente 1% dos artistas inscritos tiram um salário mínimo dali. No Youtube, Instagram e Tiktok o cenário é bem pior. O vencedor leva tudo.
O resultado é um exército de pessoas produzindo conteúdo para plataformas que enriquecem cada vez mais bilionários enquanto trazem fama para meia dúzia de felizardos. Se for ver a proporção deve ser menor que a loteria.
E ainda assim, todo mundo, e eu, ainda quero ser um influencer.
Não com esse título no crachá, claro.
Mas sabe, a sensação de falar, escrever, produzir. Ou melhor, ser lido, ouvido, assistido? Talvez todo artista tenha esse buraco no peito difícil de preencher.
Essa é a quarta versão deste texto. O primeiro foi feito como um roteiro para áudio, como eu fazia antes o Egotrip. Depois outras duas como roteiro para vídeo, para colocar no Youtube e Instagram. Nenhuma gravação prestou.
O problema é que fazer vídeo no improviso, mesmo com roteiro, ficou raso. Eu sempre escrevi muito melhor do que falo, porque talvez minha cabeça funcione devagar, e no Egotrip é onde eu gosto de conectar tico e teco.
Mas aí, sentado em cima desse vídeo que ficou uma merda, eu voltei à pergunta fundamental: Pra quê? Okey, palco, mas por quê vídeo? Por que Instagram?
O lance é que eu achei que assim eu ia chegar em mais gente, atrair a atenção do algoritmo. Eu estava moldando o meu processo criativo ao formatinho da xoxo midia, tentando me encaixar no quadradinho do Instagram.
Só que, como já disse Marshall McLuhan, o meio é a mensagem: o jeito em que a informação é transmitida e recebida molda o pensamento. E eu não quero pensar como um Instagramer.
E, veja você, todos os aplicativos têm ótimas ferramentas para produzir ali mesmo. Filtro, corte, musiquinha. Ferramentas que melhoram, mas também pasteurizam o conteúdo. A tendência é ficar tudo igual.
Eu sei, você pode usar as ferramentas com criatividade, mas costuma dar mais trabalho. Eu não quero brigar com a ferramenta, assim como eu não quero usar um alicate para bater um prego.
E aí eu volto a mim. Ao Egotrip. Pode ser que você esteja lendo esse texto no meu blog, recebendo via newsletter, ouvindo a versão em áudio ou olhando para o meu rostinho bonito no Instagram. Mas meu ponto de partida é o texto. Porque, no fim, eu sou alguém que escreve melhor do que fala.
E, em vez de aprender a falar de improviso para a câmera, agora eu vou tentar melhorar em escrever um texto bacanudo pra narração, que nem pareça algo que foi escrito antes. E a narrar sem parecer que estou lendo, isso vai ser difícil.
E essa coisa de virar influencer? A verdade é que eu não preciso disso. Eu tenho a newsletter com um punhado de gente linda assinando. Uns gatos pingados que acabam no blog, outros nos grupos do Egotrip. É o suficiente.
E sendo bem sincero, a coceira é por produzir. Escrever. Colocar coisa no mundo. Essa é minha onda. E no fim, o objetivo do Egotrip sempre foi fazer uma coisa mais intimista. Você e eu, eu e você. Juntinhos.
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