A Outra Holambra é uma série de minicontos fantásticos inspirados pela cidade, publicado no jornal local. Veja todos os contos ou comece pelo início.
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Ana não sabia se colocava as mãos suadas no bolso ou balançava feito louca.
“Quem é esse amigo misterioso?” perguntou Bia, um pouco irritada.
“É complicado! O nome dele é Roel. Você vai entender quando ele aparecer! Eu queria te contar faz tempo, mas… Você vai entender!”
“Tá, ele é seu namorado? Você nunca me conta de quem você tá afim…” Bia abriu um risinho.
“Não!” Ana reagiu tão exageradamente que quase caiu. “Eu… gosto de outra pessoa. Na verdade ninguém. É alguém famoso. Da TV.”
“Nem sinal de TV você tem em casa, conta outra. Que horas ele vem?”
Ana deu de ombros. Sentaram-se sob a sombra da enorme árvore atirando pedrinhas a esmo enquanto conversavam sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Quanto mais o tempo passava, mais Ana se conformava que Roel não viria, e chegava a pensar se ele existia mesmo. Depois de meia hora, bufou.
“Tá, eu conto! Roel é um kabouter. Um tipo de gnomo. Desse tamanho aqui, ó.” Depois de ver a cara da amiga continuou: “É por isso que eu não disse antes! Agora você acha que eu sou louca!”
“Não… acho? Vai, é esquisito! Mas se você diz. Eu prometi pro meu irmão que compraria um arretjescake pra ele. Quer dividir um comigo?”
Ana se arrastou atrás da amiga, com ódio. Por que ele não aparecera? Por que inventara de levar Bia? Então ouviu um sussurro. “Sementes levam anos para virar uma árvore dessas. Vamos com calma. Um dia eu apareço para ela.”
“Que sorriso é esse?” perguntou Bia.
“Isso é pra você”, respondeu Ana, colocando sobre a orelha da amiga a azaleia que aparecera de repente em sua mão.