Eu comprei uma Kombi velha!

Minha intenção é transformá-la em uma cabine de escrita, essas que escritores chiques tem, onde escrevem suas grandes obras? Então, comprei uma Kombi e quero fazer um escritoriozinho. Vamos ver no que vai dar.

Sou o feliz (infeliz?) proprietário de uma Kombi Clipper 97. Só que essa Kombi veio sem motor, sem caixa de câmbio, toda suja. Estava parada havia dez anos. Quando fui vê-la, estava embaixo de uma árvore e pensei: “é um pouco de sujeira, a gente lava”.

Então paguei um guincho para trazê-la para casa. Na hora que estava descendo no quintal, bateu o “meu Deus, o que foi que eu fiz?” Sabe a sensação de ter feito besteira? Com uma boa limpeza, melhorou muito. Lógico, tem mais pontos de ferrugem do que eu pensava, vai dar mais trabalho, mas o que eu esperava comprando uma Kombi velha parada?

Essa história começou em Barão Geraldo, há três anos. Eu morava numa casa com um quintal imenso, o terreno tinha mil metros quadrados. Só que a casa tinha uns 50 metros quadrados, mal divididos. Era muito apertado.

A gente tinha um escritório, onde eu trabalhava, e eu tinha vontade de sair de lá. Até comentei com a esposa, “quer saber? Acho que vou comprar uma Kombi e fazer um escritório para colocar nesse quintal.”

O que aconteceu foi que na época não comprei a Kombi, pois, vida, né? Mas a ideia nunca saiu da cabeça. Então mudamos de cidade, de casa. Construímos, temos um quintal bem legal. Uma casa grande, muito espaçosa.

Mas acho que durante a pandemia a gente fica muito grudado com a própria família. E por mais que eu adore a minha casa, fui sentindo falta de ter um cantinho para mim. Aquele cantinho meu, MEU, e não meu e da família.

Em “How I Met Your Mother” tem uma cena em que o Ted comenta: “E quando estou triste eu faço o que todo mundo faz. Abro um site de imóveis e fico olhando casas para comprar.” Então, quando eu estava bravo, com (aponta para tudo), eu fazia praticamente a mesma coisa, procurando Kombi velha na OLX.

Até que uns dias, há poucas semanas, eu vi uma por um bom preço. Em condições bacanas, todas as rodas, portas abrindo. Então, meio de impulso, comprei. E está aqui a Kombi para eu começar o meu projetinho.

Pra que isso, Rodrigo? Tanto trabalho, enfiar uma Kombi no quintal, reformar, pintar, fazer todos os móveis, reformar o banco. Não é mais fácil pagar dez mil reais para alguém construir uma cabaninha pra você?

Mas, sei lá, é diferente quando é você mesmo que faz.

Eu lembro do dia em que fui fazer uma pizza para minha família, chegaram umas seis da tarde, perguntando “e essa pizza aí?”

E eu: “estou fazendo, olha a massa crescendo!”

Eles me olharam com uma cara de “como assim fazendo, liga para a pizzaria, mais fácil, você passou a tarde inteira aí, tem que sovar a massa, montar, assar!”

Ligar na pizzaria é mais fácil, mas é legal fazer as coisas com as próprias mãos. É o tipo de coisa difícil de explicar, ou você gosta ou não. E eu sou muito ligado a essa coisa do trabalho manual, faço marcenaria, mexo com um pouco de elétrica, mas gosto mesmo de mexer. De fazer com a mão.

Fiz a mesa do escritório onde trabalho hoje, fiz o balcão da cozinha. E quando você senta lá, é muito prazeroso poder dizer “eu que fiz”. Estou tomando um cafezinho neste balcão que eu serrei, parafusei e coloquei aqui.

Para ver mais fotos da Kombi, dá uma olhadinha neste post. A música de hoje é Society, que Eddie Vedder compôs para o filme “Na natureza selvagem”.

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