Estou, no momento, em um tipo de transição de carreira. Se você for pensar, carreira não tem segredo, é uma evolução dentro de uma profissão.

Você entra como estagiário, vira júnior, pleno, sênior, de repente gerente ou diretor. E a cada estágio aprende um pouquinho mais. Quando começa, não necessariamente sabe alguma coisa sobre algum mercado, sobre aquela profissão, mas espera-se que um pleno saiba mais que um júnior e também espera-se que um diretor saiba mais do que o gerente sobre aquele negócio.

O termo “carreira” pressupõe que você está sempre evoluindo, aprendendo algo novo. É por isso que descobri que eu estava ferrado na minha na minha carreira anterior quando, de repente, não queria aprender mais nada.

Eu trabalhava com mídias sociais, principalmente planejamento de mídias sociais. Era uma época que tinha muito evento, e fui ficando cansado de ir em evento para ouvir sempre as mesmas coisas: como driblar o algoritmo do Instagram, do Facebook, como aparecer mais na timeline. Fui ficando tão cansado que uma hora não queria aprender mais nada.

Neste momento eu sabia que a minha carreira nessa área estava condenada.

Aí o que eu fiz foi virar uma esquina, fui focar mais na na outra coisa que eu fazia, que era escrever. Lógico, eu sempre escrevi, mesmo com mídias sociais. Mas nessa hora decidi tirar o pé do planejamento e pisar mais fundo na parte de escrever. E também, passei a investir. Sempre escrevi literatura, mas foi o momento de ir atrás, de fazer um curso.

Tanto que hoje, se você me pedir “Rodrigo, como é que eu faço uma campanha viral no TikTok?” Não faço a menor ideia.

Quando criança, meu pai era uma pessoa que sabia fazer muitas coisas, como trocar resistência de chuveiro, montar uma bicicleta ou que mês se planta milho. Eu demorei muitos anos pra perceber (na verdade só depois que eu tive filhos) que talvez o meu pai não soubesse essas coisas. Não sabia montar uma bicicleta. Ele me deu uma bicicleta de presente, simplesmente abriu, olhou aquele monte de parafusos e e porcas, pegou a chave e foi tentando até que aquele monte de peças virou uma bicicleta.

Acho que muita coisa ele aprendia fazendo, e demorei muitos anos pra perceber que existem muitas maneiras de aprender. Uma delas é fazendo, outra é aquela estrutura clássica, que eu achava que era o jeito certo de aprender as coisas: fazer faculdade, ir para um curso.

Hoje tem tantas e tantas formas de aprender. Você começa com uma pesquisa no Google, depois vai pro YouTube, faz umas aulinhas ali no Hotmart, segue o fulano no Instagram, que ele tá sempre dando dica.

Aprender hoje é uma coisa muito, muito louca, muito dinâmica. E como eu disse, estou investindo em uma área nova, que tem a ver com sustentabilidade, turismo e agricultura. Que são três áreas que eu nunca fiz absolutamente nada na minha vida. Então estou estudando esses assuntos. E quando começa a estudar algo novo, você aprende muito. Quando você já sabe o básico, você precisa ir atrás de informações mais específicas.

Se você for pensar um carpinteiro, ou um cara que faz móveis, que trabalhou a vida inteira com isso, para ele aprender uma junção nova de madeira é uma coisa que, explode a cabeça dele. Ele vai levar, sei lá, um ano estudando pra aprender uma coisinha, um detalhezinho.

Também não acho que existe um jeito certo de construir uma carreira. Conheço pessoas que sempre souberam que queriam fazer da vida e tiveram (ou têm) uma carreira super linear. Fizeram a faculdade na área, depois pós-graduação, cursos de extensão. E hoje são pessoas que sabem muito desse assunto.

Elas escolheram estudar, são especialistas.

E conheço pessoas que fizeram faculdade de uma coisa, depois foram trabalhar com outra, depois resolveram mudar de área e foram estudar outra coisa. E são pessoas que tem uma visão de mundo complexa, ampla. São generalistas, você dá uma tarefa e ela consegue enxergar dez jeitos diferentes.

Não acho que existe um jeito certo de criar uma carreira. O que eu acho é que o verdadeiro teste pra saber se você tá na carreira certa é o seu tesão de aprender, de estudar, de ir atrás.

A música de hoje chama Kingdom, de Zeke Fin.

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