Ontem choveu. E eu estava conversando com a esposa, e juntei algumas histórias para contar para vocês. A chuva de ontem foi forte, chuvão com trovoada e raio. Era hora do banho. E tenho duas crianças, então tem hora certa para tomar banho, senão atrasa toda a hora de dormir.
Mas quando eu era criança eu sempre ouvia que não pode tomar banho quando está dando raio. Uma vez eu fui na casa de primos “da cidade” (eu moro na roça), e isso não acontecia lá. Não sei se é verdade ou não, mas é uma daquela coisas que fica, e nunca fui atrás para saber.
Quando era criança, sempre que chovia acabava a energia. Minha casa era a última de uma linha inteira. Então da estação até minha casa, caindo a energia em qualquer lugar num raio enorme, ficávamos no escuro. Então tínhamos lampião a gás, velas, era bem comum, pelo menos uma vez por mês, ficarmos sem energia.
Mas aquela casa não tinha problema de entrar água. Já as casas que morei depois de adulto, veja você. O primeiro apartamento que aluguei para morar com a noiva, entrava água pela janela (fechada, claro). Mas não era umidade na parede. Entrava água pelas frestas entre os blocos e empoçava no chão, não podíamos deixar nada no chão.
Então fomos morar em duas casas bem melhores, onde tivemos probleminhas leves por causa de calha entupida e telhas rachadas. Mas depois fomos morar em uma casa em Barão Geraldo, a última antes da casa atual. E como aquela casa tinha problema.
Para começar que ao lado dela havia uma viela, e a água chegava a subir mais de um metro de altura. Mas esse não era bem o problema, já que a casa estava mais alta que isso. Só que a calha era mal dimensionada, então quando chovia forte entrava água dentro de casa. A ponto de olhar para a parede e ter uma cachoeirinha ali.
Outra questão dessa casa é que a varanda era uns dois centímetros mais alta que a sala. Então imagina, chovia na varanda, a água escorria, entrava pela porta e acumulava ao lado do sofá. Eu perdi um violão por causa disso, pois demorei para perceber que a água empoçava ali, achei que era só na frente da porta.
A casa que moro hoje construímos no ano passado, então não temos problema algum, e aqui eu fico feliz quando chove, porque eu plantei as árvores no quintal, e tenho que esperar crescerem. Se não chover, elas não crescem, então agradeço pelas plantinhas.
Mais uma história de chuva: quando eu morava em Campinas, eu passeava com a cachorra quase todo dia. E sabe quando você olha pela janela, “será que dá? Será que não? Acho que consigo voltar antes da chuva”, e claro, ledo engano. Choveu tão forte, eu precisava chegar em casa. Imagine eu andando no meio de um toró, a cachorra feliz da vida pulando em tudo quanto é poça d’água… Inclusive ela ficou gripada essa semana por causa desse passeio.
Teve a vez em que eu trabalhava numa agência próxima à Orozimbo Maia, em Campinas. Então começou a subir a água da rua, e vai subindo, até começar a entrar água na agência. Só que lá todas as tomadas eram no chão, toda a parte elétrica era no chão. Imagine o desespero. Chegou a entrar um palmo d’água lá. Todo mundo trabalhando (claro, quando a água entrou foi um tal de desliga aqui, coloca computador em cima da mesa, desliga a chave geral). Foi um dia muito louco. Era próximo à hora de ir embora, eu demorei pra caramba para chegar em casa.
É lógico que era hora de ir embora, um amigo chamava de “chuva lava-peão”, que só chovia de manhãzinha e no fim da tarde justamente para ferrar todo mundo.
Eu andava de moto (ainda quero voltar, quando as crianças crescerem). E quando começa a chover, é aquilo, paro para colocar a roupa de chuva, ou decido chegar molhado? Quando eu comprei minha primeira moto, eu trabalhava em uma agência na cidade vizinha. E o ônibus passava de hora em hora, era muito chato, então quer saber? Vou comprar uma moto.
Mas eu não tinha carta. Então primeiro fui resolver isso, depois comprei a tal moto, isso foi em outubro. Naquele janeiro choveu quase todos os dias. Imagine o Rodrigo, acabado de tirar carta e comprado uma moto, pegando chuva todos os dias. Eu passei muito medo aquele mês. Foi aquele batizado que você aprende na marra, e agora dá para tomar chuva de boas.
Quando se anda de moto, você está exposto aos elementos, e isso é uma das coisas mais gostosas, se está sol, você está no sol, vento nem se fala, e quando chove você vai ficar molhado. E é curioso, porque chuva só é ruim no começo, se você está seco. Depois que você está molhado é até gostoso.
Para encerrar, uma das músicas favoritas da minha filha, “Chuva chuvisco chuvarada“, do Zis, composta originalmente para o programa Cocoricó.