Tenho dois celulares. Essa foi uma forma que encontrei (acredite você ou não) para lidar com o meu vício em celular.

Esse post é uma continuação do último. Como a Jana Bianchi me pediu para explicar melhor essa história de dois celulares, aqui estamos.

Antes, gostaria de lembrar que nós somos criaturas de hábitos, que fazem com que a gente viva boa parte da nossa vida no piloto automático. Mas como a gente faz esse piloto favorecer a gente? Por exemplo, escovamos os dentes todo dia depois da refeição, nem precisamos pensar nisso, então é um hábito positivo.

Então como a gente transforma o celular num hábito positivo? Não sei.

Há três influências muito grandes nos nossos hábitos: a rotina (obviamente), o ambiente, e o terceiro são os objetos. Tenho a sensação de que cada objeto cria um campo de hábito, sempre que você pega esse objeto a tendência é repetir o que você faz sempre.

Por exemplo, tenho uma xícara com a qual sempre bebo café. Outro dia fiz um chá e peguei a primeira xícara na minha frente, e era essa tal preta. Nossa foi tão estranho, parecia errado. Estou tão habituado a tomar café na minha xícara favorita que parece que é errado colocar chá.

Imagine que você tem uma poltrona bem confortável num lugar iluminado da sua casa. Ao lado dela, uma mesinha com um livro. Você sempre se senta ali e lê o livro. Logo não precisa nem pensar em abri-lo, basta sentar na poltrona que o livro voa automaticamente para a sua mão. Agora, um dia você chega nessa poltrona e por algum motivo está com o celular na mão e vai olhar o Facebook. Ou Twitter. Ou seja lá qual for o seu veneninho. No outro dia você também está com celular. Logo, fica muito mais difícil sentar na poltrona e pegar o livro, porque o seu hábito ali mudou.

O celular é particularmente estranho, porque cria micro hábitos internos. Por exemplo, eu sempre olho o e-mail, depois os feeds, depois o Pocket. A gente tem hábitos estranhos com o celular. Quantas vezes você não pegou para olhar o horário, mas quando percebe já está assistindo coisa no Youtube e nem sabe que horas são. Como chegou nisso?

Tem algumas dicas para controlar melhor os hábitos no celular, como por exemplo.

• Deletar todos os atalhos da Home. Isso funciona num primeiro momento, mas, para mim, logo estou abrindo o app não importa o quão soterrado está o atalho.
• Deixar o celular em preto e branco. Isso é uma opção que (dependendo do modelo) está nas opções de bem-estar. Funciona muito bem, o celular fica esquisito de usar. No meu caso, esquisito demais, não consegui lidar com isso, desliguei.
• Outra coisa que funciona demais, recomendo para todo mundo, é desligar todas as notificações (ou ao menos todas as notificações não importantes). Isso evita que o celular roube o seu foco o tempo todo. Seja lá o que estiver fazendo, não vai ter algo sempre puxando você para o aparelhinho.

Agora, a dica que realmente funciona é deixar o celular longe da minha mão. De preferência em outro cômodo, num cantinho, carregando. Se ele não está na minha mão, é muito mais fácil eu lidar com a minha vida.

Só que eu tenho filhos, eu tenho que ficar o tempo todo com o celular. Pois podia vir uma ligação da escola, ou, quando as crianças eram menores, às vezes a esposa estava dando de mamar, e ela precisava de alguma coisa, nem que fosse uma água, então preciso estar com o celular comigo o tempo todo.

Isso tem melhorado um pouco conforme as crianças crescem, mas não é uma opção.

A solução foi pegar um outro aparelho, (o celular da esposa, que havia quebrado a gavetinha do chip SMS), e transformá-lo em celular de leitura/enrolação. Nesse tenho o Feedly, e principalmente o Pocket (esse sim meu veneninho, passo horas e horas lendo artigos, alguns relevantes, muitos inúteis). Já o outro seria o celular só de comunicação. Só tem o telefone, Whatsapp e Telegram.

Funciona? Mais ou menos.

O primeiro problema é que o Android tem o navegador. E todo mundo sabe que com o navegador você consegue acessar qualquer coisa.

A segunda questão: depende muito de disciplina. De não ficar abrindo o navegador, e claro, de não ficar com o esse celular o tempo todo no bolso. É o que acontece muitas vezes, acabo carregando dois celulares para lá e para cá. Estou trabalhando nisso, acredito que aos poucos vou conseguir ser mais disciplinado e deixar o celular de enrolação longe.

É assim que uso dois celulares para tentar usar menos o danado. E você, também tem probleminha com isso, passa mais tempo do que gostaria? Deixa um comentário aqui embaixo, manda sinal de fumaça!

A trilha de hoje é Sunday, da Joy Oladokun.