A Outra Holambra é uma série de minicontos fantásticos inspirados pela cidade, publicado no jornal local. Veja todos os contos ou comece pelo início.
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“Quer ver um truque legal?” Disse o kabouter. De repente, Ana não estava mais no estacionamento do clube tomando sorvete. Ou estava?
Pouco adiante havia um grande moinho. Alguns segundos de perplexidade depois, ela percebeu que continuava no mesmo lugar, mas encolhera para o tamanho de Roel. “Ali mora Eigen, o estranho”, disse o kabouter apontando para o outro moinho adiante. “Eu até gosto do cara, apesar da colônia… enfim. Esse aqui está vazio, vem ver!”
O que havia ali dentro era poeira, muita poeira. E aranhas assustadoramente grandes quando se tem quinze centímetros de altura. “Eu juro que se eu for mordida por uma dessas aranhas minha mãe acaba com sua colônia de kabouters nem que seja no glifosato!” gritou Ana, mantendo-se bem próxima a Roel.
Ele riu, com os olhos brilhando para aquele espaço. “Um dia talvez eu me mude para cá”, disse, com um suspiro que carregava mais do que esperança.
Ana ergueu as sobrancelhas, o kabouter continuou: “Vir para cá significa sair de lá, e sair da colônia às vezes é cortar alguns laços. Eigen é o nome que usam para assustar kabouters mais novos. Digamos que fazer as coisas de um jeito diferente não é muito bem visto.”
“Como, por exemplo, ter uma amiga humana”, completou Ana, ligando os pontos.
“Como isso.”
“Obrigada. E obrigada por me mostrar isso aqui. É um truque legal”, disse Ana, apertando forte a mão de Roel quando uma das aranhas se mexeu um pouquinho.