A Outra Holambra é uma série de minicontos fantásticos inspirados pela cidade, publicado no jornal local. Veja todos os contos ou comece pelo início.
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O kabouter, sentado na borda da mesa, se distraía fazendo desenhos na água da chuva que amainara, a mente longe. Ao seu lado, um cão preto observava os patos com olhos de predador. Velhos hábitos difíceis de se livrar, pois já havia sido raposa e lobo-guará no passado.
“O pessoal da colônia anda fofocando sobre seus passeios, Roel”, disse o cão.
“Que falem, Reinaerde. Não existe lei contra aparecer para humanos.”
O cão mostrou os dentes num sorriso: “Como se kabouters tivessem leis escritas. Não seja ingênuo. Você não apareceu para a menina, fez nascer laranjas numa goiabeira e sumiu. É diferente.”
Roel movimentou as mãos brotando trevos e cogumelos sobre o tampo da mesa, tentando silenciar o tumulto interno. “Que fofoquem à vontade”, disse. “Um pouco de chuva não faz mal a ninguém.”
Reinaerde coçou a orelha: “De gota em gota, tormenta em terra árida faz estrago. Eu sou seu amigo, Roel, e você sabe que eu não tenho paciência para todo aquele joguinho da colônia…”
“Você ama aquele joguinho, sua raposa velha.”
“De fato. Só toma cuidado. Tem gente demais de olho em vocês.”
“Vou pensar no assunto”, mentiu Roel. A decisão já estava tomada.