A Outra Holambra é uma série de minicontos fantásticos inspirados pela cidade, publicado no jornal local. Veja todos os contos ou comece pelo início.
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Ana sentou-se frustrada na mureta, as costas para o tronco. “Não achei nada para minha mãe, Roel. Nem sei o que dar para ela!”
Roel não respondeu. Sentava-se no pergolado, balançando os tamancos enquanto inspecionava o lambari roxo, que pareciam um pouco mais vivos só com a presença dele ali.
“Kabouters têm mãe?” perguntou a menina.
“É diferente”, respondeu Roel. “Temos mãe, pai, tio, tias, a tribo inteira. Mas, ‘Een kabouter maakt geen bos’. Um kabouter não faz floresta.”
“Pera, não entendi. Então você tem mãe.”
“Sim, Marla é o nome dela. É que, para nós, família é toda a colônia. Todo mundo tem parte na criação dos pequenos.”
“Deve ser melhor assim. É difícil quando sua mãe não te entende.” Roel abriu o silêncio, para que a menina pudesse finalmente descarregar. “São só comentários à toa, sobre a TV, sobre alguma coisa na internet. Não é culpa dela. Ela não sabe que machuca.”
“O bom da colônia grande é que você nunca espera que alguém saiba o que você sente. Você aprende a dizer. Com palavras”, disse Roel, aparecendo de repente em frente a Ana com um pequeno lírio da paz nas mãos. “Mas flores. Você não precisa de um presente, só um jeito de dizer a ela que a ama. Flores e uma boa conversa.”