Rodrigovk
Escritor, faz-tudo, editor e pai

Frequência [Egotrip]

Esse é o episódio 20 do Egotrip! E assim como eu fiz no episódio 10, chegando no 20 a minha ideia era fazer um podcast meio meta, sobre como eu gravo, mas percebi que a frequência de publicação tem diminuído, está meio caótica, então é sobre isso que falarei hoje.

Acredito que o principal fator para um projeto ter sucesso na internet é ter uma frequência de publicação. Trabalhei em uma agência de comunicação por muitos anos, focando em planejamento de mídias sociais. Aquela pessoa que chega para o cliente e diz “então, para o seu blog dar certo você precisa fazer isso, publicar com essa frequência, fazer tantos stories no Instagram”, enfim, montar esse planejamento com base na verba disponível.

Lógico, a frequência não é o único fator para o sucesso, tem uma pá enorme de sorte, investimento em publicidade, e claro, a qualidade do conteúdo. Mas é que sem uma frequência, um ritmo constante, é muito difícil conseguir sucesso, conseguir criar um público. Você tem que estar lá, pingando na timeline.

Até acredito que o segredo do sucesso da Trasgo, revista que editei por muitos anos, era esse, a gente estava lançando uma edição nova a cada três meses, de maneira bem rígida. E isso fez com que a revista fosse crescendo, pois sempre tinha material novo.

Austin Kleon, escritor e blogueiro, tem uma frase em um dos livros dele que é “Do the work“, ou, em tradução livre, “Faça o trabalho”. Que não é sempre que você estará inspirado ou produzindo, ou em um dia bom. Mas a partir do momento em que você está lá todo dia trabalhando, as coisas acontecem. E acredito muito nisso. Até porque a frequência tira o peso da unidade.

Por exemplo, um post de blog não precisa ser bom. Um episódio de um podcast, ou newsletter, sozinho, não precisa ser incrível. É muito raro você ver AQUELE post que é incrível pra caramba. Geralmente a gente passa a gostar no todo, no volume. A gente passa a acompanhar um canal por meses, às vezes anos, e criamos um relacionamento com aquela pessoa, com o jeito de falar daquela pessoa. O valor está no conjunto da obra, não em um post ou em um episódio de podcast.

Só que estou numa fase que não consigo manter a frequência de nada. Minha newsletter sai uma vez por mês e olhe lá, esse podcast até sai, mas menos do que eu gostaria. E a verdade é que minha rotina está caótica, o que não podia ser diferente, afinal, pandemia. Meus filhos não estão indo para a escola, apesar da escola deles estar funcionando. É aquela coisa de viver com criança.

Por exemplo, a gente tenta colocar eles na cama às sete e meia, mas às vezes chega até oito meia, nove, e eles não dormem, e isso vai deixando a gente exausto. É complicado. E vejo outros pais que também têm filhos pequenos na mesma idade que os meus, e conseguem produzir. Ou um aluno meu que escreveu um livro inteiro quando a criança tinha entre zero e dois anos, e começo a pensar se esses outros pais também são base de comparação, se eles são pais presentes, se deixam tudo nas costas da mãe, mas percebo que já estou caindo nessa lama da comparação e comparação é a mãe da miséria.

Mas antes, eu tinha dias ruins. Quando eu trabalhava como freela, mas não tinha filhos. Acho que eu me cobrava mais do que deveria (ainda faço isso), mas esses dias ruins eram recuperados no dia seguinte ou depois. Hoje estou sempre atrasado com os freelas, com os projetos.

Principalmente com os freelas oficiais, projetos que pagam, que entram na fila, viram prioridade, aí quando chega um dia em que eu não consigo trabalhar, no dia seguinte tenho que fazer o dobro, e falta aquele “buffer”, aquele colchão, “não vou colocar nenhum freela na sexta-feira, porque se der problema eu resolvo”.

No fim, é coisa demais no prato. Prato cheio e pensando em mais coisas (que se derem certo aparecerão nos próximos podcasts). Mas é coisa legal (é sempre coisa legal, que a gente vai colocando só mais um pouquinho de carninha, de arroz, de batata palha).

E vem aquela ideia: mudar de vida, cortar gastos, tentar simplificar as coisas. Mas não é muito fácil. Li uma frase essa semana que a principal característica de ser classe média e você estar sempre no sufoco para tentar manter o seu padrão classe média. Então está lá sofrendo para pagar a casa, a escola particular, o plano de saúde. Um custo de vida muito caro que você sofre para pagar (#classemediasofre).

Então, esse é um bom momento para contar que você pode me apoiar em rodrigovk-migra.rodrigovankampen.com.br/apoie. E se todas as transcrições estão aqui no blog, é porque o podcast foi criado como uma forma de conseguir escrever mais posts, de ter mais posts falando de uma maneira interessante. Às vezes eu demoro até um mês entre mandar o podcast e colocar a transcrição no site, mas cá está.

Austin Kleon, num post do blog, fala sobre dormência. Em plantas, isso acontece quando a planta para de crescer. Ela estaciona, às vezes perde as folhas (muitas vezes no inverno) para depois voltar a brotar. É uma forma da planta se proteger e se fortalecer.

É aquela ideia básica: eu não sou uma máquina, você também não. A gente não consegue produzir o tempo todo. Na verdade, somos plantinhas estressadas. Que deveriam estar em dormência.

A música de hoje é Weavers, do Feint, que deu uma empurrada para eu conseguir entregar os freelas que estavam em cima do prazo.

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Você pode receber os áudios do Egotrip para ouvir diretamente em seu celular, pelo Telegam ou Whatsapp. Ambos os grupos são listas de transmissão, ou seja somente eu posso enviar mensagens.

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