Rodrigovk
Escritor, faz-tudo, editor e pai

Kombi minimamente viável [Egotrip]

Hoje estou aqui gravando pela primeira vez um Egotrip diretamente da minha Kombi, para falar sobre Produto Minimamente Viável, uma buzzword do mundo das startups. Mas eu vou tentar não transformar isso aqui numa palestrinha de empreendedorismo, então vamos lá.

Produto minimamente viável é o mínimo aceitável para que o seu produto ou serviço seja funcional. Ou seja, é encontrar o núcleo, a parte principal do negócio, separar o que é essencial, e o que é bacaninha, os extras, o molho.

A ideia é criar esse produto minimamente viável e colocar na rua, testar, e partindo daí você vai aprimorando. Mas olha só, esse mínimo, esse núcleo, não pode ser feito de qualquer jeito, no relaxo.

Pensa só, essa parte central é a mais importante do seu negócio, então você precisa fazer com muito cuidado, muito bem feito. É aquele negócio, sabe quando uma ferramenta só tem uma função, mas é excelente no que faz?

Pensa só, por exemplo, numa chave de boca, que só serve para apertar porca e mais nada. Não tem wifi, nem luzinha, nem toca musiquinha. Mas se você tiver uma boa chave, é a única que você vai precisar pelo resto da vida.

Mas eu disse que não ia transformar isso em palestrinha de empreendedorismo, então eu quero abrir um pouco mais e pensar nessa ideia do minimamente viável fora do desse contexto de abrir um negócio. Porque é um atalho cognitivo interessante para pensar nessa palavrinha, o “mínimo”, sem precisar contextualizar infinitamente.

Eu uso muito a ideia do minimamente viável nos meus projetos, para evitar duas armadilhas. A primeira é de fazer para sempre, alguma coisa que nunca acaba, não tem ponto final. E a segunda armadilha é o contrário, que é o fazer pela metade e largar.

Então nada mais é que uma ferramenta de escopo e priorização.

Por exemplo a minha Kombi escritório. Qual é mínimo pra que eu possa chamar esse negócio de kombi escritório? Um lugar pra sentar, para que o meu bumbum fique confortável. Uma mesa para apoiar o computador, meu teclado. Energia elétrica e internet. Disso tudo só falta o wifi, que eu até comprei o roteador, mas a Kabum me mandou o produto errado e estou esperando resolver esse rolo todo.

Porque é engraçado, quando eu penso aqui em tudo o que eu quero fazer nessa Kombi, é muita coisa. Tem os paineis laterais, uma mesinha auxilar, um banco que inclina, cafeteira, buzina, sistema de som. A gente está acostumado com aquela estética Instagram, Youtube, aquela estética makeover, na hora que entra o antes e o depois e muda tudo de uma vez, uau, que incrível!

Só que na vida real nós vamos por partes, eu não teria nem tempo nem dinheiro para fazer tudo, e nem quero esperar dois anos pra começar a usar isso aqui. E se não tomar cuidado você está lá instalando a cafeteira antes da energia elétrica. Lembra, prioridades. E tem outra coisa, essa parte do minimamente viável é que é mais importante. Então eu não queria qualquer mesa, eu fiz uma mesa bacanuda, sólida, ergonômica.

Eu ia instalar os painéis elétricos, então antes eu precisava antes pintar por dentro. É isso que é fazer o mínimo, mas fazer bem feito.

Então, pensar em minimamente viável também dá um alívio, é pensar no que é importante pra você, e não pro Instagram. E não o que vai ficar bonito no Youtube.

E aí a gente expande essa ideia pra vida, né? Porque se é uma ferramenta, você pode usar isso pra pensar o que é o minimamente viável na sua vida?

Vai organizar uma viagem pra praia, o que é o minimamente viável pra considerar a viagem bem sucedida? Molhar o pé no mar e comer um pastel na areia?

O que é o minimamente viável no seu morar? Uma casa segura e confortável pra sua família?

Porque aí a gente entra nessa outra questão sobre o que é direito e o que é privilégio. Uma casa de três banheiros é um privilégio, mas uma casa segura, que garanta um mínimo de conforto e privacidade pra sua família é direito universal, todo mundo deveria ter acesso.

Porque chamar direito básico, como o direito à educação, de privilégio, é negar o acesso a uma parcela significativa da nossa população.

E não é que você deveria querer só o mínimo, viver com o mínimo, o último podcast até falou mal do minimalismo. Não é assim que as coisas funcionam, não é assim que a engrenagem gira, claro.

Mas é legal esse exercício de entender o que é uma vida minimamente viável pra você, pra também reconhecer o quanto você tem além desse mínimo, e agradecer por isso.

Enfim, pode ser até uma boa forma de exercitar a nossa gratidão.

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