Rodrigovk
Escritor, faz-tudo, editor e pai

[Egotrip] Que história é essa de agrofloresta?

[Obs: o vídeo tem legendas, basta ligá-las no Youtube]

No último Egotrip eu percebi que cometi o erro mais básico de qualquer pessoa que publica coisas na Internet: assumir que todo mundo está por dentro da sua vida.

Então, para você que não perguntou, eu vou contar um pouco sobre como anda a minha vida.

Há três anos e meio eu me mudei para Holambra, uma cidadezinha perto de Campinas onde morei até os quinze anos, quando fui estudar fora para não voltar mais. Haha.

Depois de um rolê em São Paulo, um tempão em Campinas, esposa, criança, mais criança, resolvemos juntar bercinho, brinquedo e geladeira e vir morar aqui.

E é agora que entra a floresta.

Porque o principal motivo de ter vindo para cá é porque meus pais têm um sítio, e sempre esteve aberta a possibilidade de pegar um cantinho para construir nossa casa. (No caso, um empréstimo de papai também ajudou bastante.)

Escolhido o nosso canto, nem no meio do nada, nem tão perto da sogra da minha esposa, construímos nossa casa.

Do lado de um canavial.

A área ao redor da casa estava arrendada para produção de cana. E eu olhava para aquilo e pensava, “eu preciso dar um jeito de tirar isso daí”. Por dois motivos, primeiro que quando se tem criança a sua perspectiva de tempo fica meio bizarra, de repente faz sentido você plantar um pé de noz-pecã ou de jabuticaba que vai dar fruto só depois de quinze anos. E monocultura de cana destrói o solo. Não é isso que eu quero passar adiante.

O segundo motivo é que em época de colheita o pessoal vinha com um maquinário enorme, era caminhão, colhedeira, tudo estacionado grudado no meu alambrado. E a poeira… Eu tinha que sumir por uma semana, que a casa ficava inabitável.

Mas tá, tirar a cana para fazer o quê? Estuda aqui, conversa ali, uma possibilidade seria reflorestar, mas plantar fruta é legal. E com o turismo na cidade crescendo, foi nascendo a ideia do Espaço Kabouter.

Resumindo bem, é um espaço com um grande bosque de frutíferas. Embaixo desse bosque nós vamos construir alguns chalés. E para construí-los, vamos erguer um barracão onde funcionará um “espaço de fazer”, aberto à comunidade.

Dentro dessa ideia tem muita coisa legal que dá para brincar, como produção de geleia, café orgânico, bioconstrução, oficinas e cursos imersivos, retiros para escrita ou arte.

Dá para perceber como eu estou empolgado, né? Só não sei ainda como eu vou fazer para ganhar dinheiro com isso.

Mas, tudo a seu tempo.

Já começamos o barracão e tem umas mil árvores plantadas. Meu papel agora é garantir que elas cresçam. Sem morrer de sede. Ou serem devoradas por formigas cortadeiras. Ou definharem na concorrência com o mato. Ou serem destruídas por um vizinho jogando veneno no mato e levando 100 arvorezinhas junto.

Tudo isso está em construção. E me seguir por aqui vai ser acompanhar esse processo. Você também pode seguir o Instagram do Espaço Kabouter que lá tem uma explicação melhor do que tem rolado.

Agora que você sabe o que é essa maluquice da minha vida, o que você acha? Interessa acompanhar essa construção? Para de mostrar flor de goiaba e volta a falar só de literatura? E aí?

Leave a Comment