Como você provavelmente já reparou, mudei o sistema da newsletter para o Substack desde o último e-mail na semana passada.
Na prática, não muda quase nada para quem já é assinante, apenas o e-mail de origem passa a ser rodrigovk@substack.com. Talvez você precise adicionar esse e-mail para evitar que caia no spam, mas já que você está lendo esse parágrafo, acho que funcionou.
Uma das plataformas que mais me assusta é o Substack. Praticamente todas as newsletters que leio já migraram para a plataforma.
O que me preocupa é o monopólio. Se uma única plataforma domina praticamente todo o mercado, nós ficamos nas mãos das vontades de um CEO qualquer, um “ditador” que pode ser ou não benevolente.
Já aconteceu com livros e a Amazon. Audiobooks foram todos para o Audible, música para o Spotify, e podcasts e passos rápidos se tornando cada vez mais exclusivos. Conversas e comunidades para o Twitter, e nós acabamos de ver o que acontece quando um egomaníaco assume o volante.
Cory Doctorow e Rebecca Giblin acabaram de lançar o livro “Chokepoint Capitalism”, que demonstra como o nosso sistema econômico + desregulamentação faz com que poucas empresas acabem se tornando monopólios tão poderosos, que ditam as regras do mercado em benefício próprio. “Livre concorrência” se torna um termo abstrato, distante da realidade do mercado.
Substack está seguindo a cartilha perfeitamente. Começa com um serviço um pouco melhor que os outros, torna-se cada vez mais vantajoso, até que, em algum momento, devora a concorrência. O que começou como um serviço de newsletter já se tornou um aplicativo de leitura, cada vez mais confortável. Somos todos sapos aproveitando um banho quente na panela.
A partir do momento em que a audiência passe a ler somente pelo aplicativo do Substack, você não tem mais a sua lista de e-mails. A audiência deixa de ser sua, e passa a ser emprestada. Então algum executivo brilhante percebe que muita gente assina mais conteúdo do que lê e decide colocar algoritmos que escolhem o que você vai ler! E, assim como acontece no Instagram, o seu conteúdo passa a ser visto por 2% dos seus assinantes, yay!
Então por que raios você está migrando para o Substack?
Até o momento, ainda é possível migrar para fora da plataforma. Eu posso exportar a lista de assinantes e mudar para outro serviço que entrega e-mails em sua caixa postal.
O Mailchimp já não me atende direito há algum tempo. É uma plataforma para grandes empresas, cheia de recursos que mais me atrapalham do que ajudam. Eu me sinto pegando um trator gigantesco para cortar um gramadinho pequeno.
E porquê, dinheiro. O Substack é, antes de tudo (e cresceu em boa parte por causa disso), uma plataforma de crowdfunding, onde é muito mais fácil pedir dinheiro pelo que você escreve. Existe uma naturalização nessa cobrança. Em algum momento momento pretendo fazer isso, não sei ainda como, já que não é minha intenção colocar essa newsletter atrás de um paywall, quero mantê-la gratuita. E existe um favorecimento a descobrir newsletters novas na plataforma, o que pode aumentar o número de assinantes, aí eu vi vantagem.
Por fim, tenho praticado um tipo de conteúdo independente de plataforma. Tudo o que eu escrevo para newsletters está também no meu blog (rodrigovk.com.br), para ser indexado pelos buscadores e lidos via bom e velho RSS (que só eu meia dúzia de malucos ainda usamos). Os vídeos do Egotrip, que são pensados para o Instagram, estão também no Youtube, e publicados no blog.
A ideia é sempre ter minha própria plataforma como central, os outros serviços são apenas braços. Você sempre me encontra no meu blog, é minha casa. Trabalhoso, mas também é libertador saber que ali, ninguém vai poder banir o que eu escrevo por causa de mamilos polêmicos.
Até mais,
Rodrigovk