Seis perguntas sobre o Espaço Kabouter, incluindo “em que pé está agora?”
Em 21 de junho de 2021, plena pandemia, tirei essa foto aqui em frente de casa. O coração ansioso e a cabeça cheia de ideias. É neste canavial recém colhido que comecei o Espaço Kabouter.

O que é esse tal Espaço Kabouter que você tanto fala?
O Espaço Kabouter é um espaço cultural com cursos, eventos e hospedagem que se sustenta em três pilares: sustentabilidade, hobbies e comunidade.
O projeto se divide em três fases:
- Agrofloresta, com produção de frutas e alimentos orgânicos.
- Espaço de Fazer (ou barracão multiuso), onde acontecerão cursos e eventos.
- Chalés para hospedagem, que permitirão cursos de vários dias e turismo.
A primeira etapa foi o plantio das árvores. Plantamos pouco mais de mil mudas em um solo empobrecido pela cana, das quais umas 600 sobreviveram. São 30 espécies, entre frutíferas e madeiras (ipê, jequitibá, goiaba, amora, abacate, manga, louro pardo, araçá, jenipapo, bacupari, guanandi). Futuramente, essa área também vai receber palmitos, bananas, hortaliças e café.

A segunda etapa agora é a construção do barracão, um projeto usando técnicas sustentáveis de bioconstrução (taipa de pilão, BTC e madeira) e autoconstrução (uma construção erguida pela comunidade ou proprietário sem demanda de mão de obra especializada ou tecnologia de ponta).

A parte de hospedagem está prevista para mais adiante, a depender das atividades do barracão, que precisam pagar a própria construção e futuros investimentos.
Que tipos de atividades vão acontecer aí?
Dou aula de marcenaria como hobby há algum tempo, que virão para esse espaço. Vou acrescentar à oferta aulas por outras professoras, como serralheria, ioga, aquarela, impressão 3D, gravura, crochê, cerâmica, entre outras. Tudo vai depender de conseguirmos uma turma e de alguém para ensinar.
Além dos cursos correntes, também acontecerão eventos de fim de semana, como os dedicados à bioconstrução (taipa de pilão, tijolo ecológico, bambu), além de oficinas específicas de práticas artísticas. Também quero trazer eventos que aproximem a comunidade, como noites de jogos de tabuleiro, rodas de conversa terapêuticas, entre outros.
Quem mais está junto com você no projeto?
Este é, atualmente, o grande nó. Estou tocando sozinho, com a ajuda do Antônio, o pedreiro que contrato para alguns trabalhos pontuais aqui, e financiamento do projeto pelo meu pai.
Por estar fazendo muita coisa sozinho, isso também significa que tudo demora mais. Pausa a construção para roçar o mato que afoga as árvores plantadas, pausa para fazer os freelas que hoje pagam as minhas contas, pausa para ir buscar material de construção na loja.
É uma questão que estou sempre debatendo com um amigo: o quão estúpido é fazer isso sozinho, e o quanto valeria a pena contratar mais gente, ou terceirizar para abrir mais rápido. “É a pergunta de um milhão de dólares”, ele me disse, que também lida com dilemas semelhantes.
É um projeto grande demais para uma pessoa só, mas trazer mais gente significa dividir um possível lucro que sequer alimenta minha família até o momento (na verdade, ainda estamos no prejuízo). A ideia é crescer devagar, as pessoas certas aparecerão na hora certa.
Estou confiante que, com a abertura do espaço em breve, trazer mais professores comece uma comunidade de verdade ao redor do projeto.
Como está agora? Qual a previsão de abrir?
Está bem bagunçado, cheio de tralha. (Eu devia tirar um dia para arrumar isso aí, mas é um dia a menos avançando a construção rumo à abertura).
Já terminamos de cobrir, as paredes do banheiro estão erguidas. Estou erguendo mais algumas paredes para fechar uma sala desse barracão (onde futuramente será a copa), para poder trancar as ferramentas. Terminada essa etapa, vem a instalação de água e luz, e já terei o mínimo necessário para abrir.



Mas, Rodrigo… Por que tudo isso?
No fundo, o Espaço Kabouter tem a ver com construir um futuro no qual eu queira viver. Trabalhei anos demais em publicidade tentando convencer as pessoas a comprarem coisas de que não precisam. Não acho que o Espaço Kabouter vai me deixar rico, não de dinheiro. Mas se conseguir prover uma boa vida para mim e meus filhos, e me cercar de uma comunidade de amigos, e tentar fazer uma pequena diferença na direção de um mundo mais sustentável, a vida está ganha.
Escrevi mais sobre essa questão no artigo “O melhor bunker no fim do mundo é um galpão cheio de amigos“, onde mostro as engrenagens que giram em minha cabeça.
Uau. Como eu posso ajudar?
Metade da minha vida é online, nessa newsletter, na comunidade de escrita da qual faço parte. E o Espaço Kabouter é totalmente offline, pé no barro e braço trabalhando. Não vejo como consolidar essas coisas (além de, claro, hospedar vivências e cursos incríveis de literatura e escrita).

No momento, assinar e compartilhar essa newsletter é o melhor meio de ajudar, pois nela vou divulgar os cursos que acontecerão por aqui. Futuramente você vai poder ajudar na divulgação desses eventos, e vir participar de algum deles.
Por fim, pretendo continuar usando esse espaço para ir contando da construção, de cada etapa. Porque essa newsletter, e esse contato com vocês todos, me ajuda a entender o que estou fazendo aqui. Mas isso é assunto para outra carta.